Todas as frases de Mário de Sá-Carneiro
“A minha alma não se angustia apenas, a minha alma sangra. As dores morais transformam-se-me em verdadeiras dores físicas, em dores horríveis, que eu sinto materialmente - não no meu corpo, mas no meu espírito.”
“Somos todos álcool, todos álcool! - álcool que nos esvai em lume que nos arde!”
“Só depois de satisfazer os meus desejos, posso realmente sentir aquilo que os provocou. A verdade, por consequência, é que as minhas próprias ternuras, nunca as senti, apenas as adivinhei.”
“Cumpridos dez anos de prisão por um crime que não pratiquei e do qual, entanto, nunca me defendi, morto para a vida e para os sonhos... nada podendo já esperar e coisa alguma desejando - eu venho fazer enfim a minha confissão: isto é, demonstrar a minha inocência.”
“Que o seu gênio - talvez por demasiado luminoso - se consumiria a si próprio, incapaz de se condensar numa obra - disperso, quebrado, ardido. E assim aconteceu, com efeito. Não foi um falhado porque teve a coragem de se despedaçar.”
“Mas hoje já não sei com que sonhos me robustecer. Acastelei os maiores... eles próprios me fartaram: são sempre os mesmos - é impossível achar outros...”
“De forma que gastar tempo é hoje o único fim da minha existência deserta. Se viajo, se escrevo - se vivo, numa palvra, creia-me: é só para consumir instantes. Mas dentro em pouco - já o pressinto - isto mesmo me saciará. E que fazer então? Não sei... não sei... Ah! que amargura infinita...”
“É curioso: sou um isolado que conhece meio mundo, um desclassificado que não tem uma dívida, uma nódoa - que todos consideram, e que entretanto em parte alguma é adimitido... [...] Nos próprios meios onde me tenho embrenhado, não sei por que senti me sempre um estranho...”
“Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!”
“Eu era alguém cujos pés, sobre uma estrada lisa, cheia de sol e árvores, se cavasse de súbito um abismo de fogo.”
“Permaneci, mas já não me sou.”
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